terça-feira, 6 de dezembro de 2011

AEROPORTO INTERNACIONAL DE SÃO GONÇALO:

"A hora das definições chegou"


"É hora de definir ações complementares que viabilizem o aeroporto de São Gonçalo do Amarante". Essa foi a frase que permeou os discursos de abertura da 11ª edição do Motores do Desenvolvimento do Rio Grande do Norte, seminário realizado ontem pela Tribuna do Norte, RG Salamanca Capital, Sistema Fecomercio, Sistema Fiern, Governo do Estado e UFRN. O evento debateu a operacionalização do novo aeroporto.
Alex RégisPúblico lotou auditório do Hotel Barreira Roxa, na 11ª edição do MDRN, para ouvir palestrantes sobre os projetos em torno do Aeroporto de São Gonçalo do Amarante

Estiveram presentes representantes do consórcio Inframérica, Secretaria Nacional de Aviação Civil, Agência Nacional de Aviação Civil, BR Distribuidora, empresários, entidades de classe e políticos, entre eles, a governadora Rosalba Ciarlini, o ministro da Previdência Social, Garibaldi Alves, e o deputado federal, líder do PMDB na Câmara, Henrique Alves.

Marcelo Queiroz, presidente da Fecomercio, primeiro a discursar, ressaltou a necessidade de se investir em infraestrutura e capacitação. As vagas anunciadas, mais de 10 mil num primeiro momento, segundo ele, podem ser preenchidas por profissionais de outros Estados, caso o RN não forme mão de obra em tempo hábil.

"Há, porém, um grande esforço empreendido no Estado para que as vagas 'fiquem' aqui", afirmou. Para isso, no entanto, "precisamos identificar o perfil dos profissionais que serão demandados", completou a reitora da UFRN, Ângela Paiva.

A universidade federal concentra 40% das matrículas de graduação e 90% das de pós-graduação no estado, ainda não tem nenhum curso voltado para a área aeroportuária, reconheceu a reitora. "Vamos repensar isso. Pensar até em uma formação continuada", admitiu. Para Amaro Sales, presidente da Fiern, além de identificar o perfil dos profissionais, é preciso identificar que tipo de indústrias se instalarão no entorno do aeroporto e na Zona de Processamento da Exportação (Zpe) de Macaíba e se preparar para recebê-las.

O ministro da previdência social, Garibaldi Alves, terceiro a discursar, defendeu a construção do terminal de cargas antes do prazo previsto em contrato.

"O Rio Grande do Norte não pode esperar até 2038 para ter um terminal de cargas. O RN tem pressa. Não estou cobrando isso dos concessionários, se não eles vão correr. Temos que cobrar isso de nós mesmos. O terminal de cargas pode até não ser construído da noite para o dia, mas precisa ser construído o mais breve possível. Não podemos abrir mão disso", afirmou o ministro.

O deputado federal Henrique Alves, líder do PMDB na Câmara, ressaltou a proximidade do aeroporto de São Gonçalo com a Europa, fundamental para a distribuição de cargas no país. Segundo ele, a localização do RN fará do estado o entreposto comercial e industrial do Brasil. À exemplo do ministro Garibaldi, a governadora Rosalba reforçou essa tese e defendeu a construção de novos acessos, além dos já previstos, e a interligação dos modais ferroviário, marítimo e aeroviário. Sem infra-estrutura, o aeroporto não se tornará um grande centro de distribuição, reconheceu.

Antes de concluir o discurso, Henrique Alves defendeu que os empregos gerados durante a construção e operacionalização do aeroporto sejam preenchidos por potiguares e que o terminal de passageiros, que será construído antes do de cargas, fique pronto até dezembro de 2013. O contrato de concessão, assinado no último dia 28 pelo consórcio Inframérica e pela Agência Nacional de Aviação Civil, prevê a conclusão em 2015. O consórcio, porém, afirmou que pretende concluir a obra antes da Copa, em junho de 2014.

Todos citaram o papel do seminário Motores na discussão e defenderam a necessidade de aprofundar o debate. Para Jaime Calado, o 'Motores' supre possíveis deficiências nas universidades, "até porque a discussão do desenvolvimento do estado não pode ficar apenas na academia".

Governo fará um "masterplan" para área do novo aeroporto

A governadora Rosalba Ciarlini defendeu a elaboração de um plano diretor para a área do entorno do Aeroporto de São Gonçalo do Amarante como forma de disciplinar o crescimento e a atração de investimentos naquela área. Para Rosalba, é preciso avaliar as "condições de crescimento" para que o aeroporto de São Gonçalo do Amarante ganhe empreendimentos no seu arredor.
Alex RégisGovernadora Rosalba Ciarlini falou das obras complementaresGovernadora Rosalba Ciarlini falou das obras complementares

 "Ao contrário de outros aeroportos, o nosso terá condições de crescer, porque não está estrangulado pela expansão urbana. Precisamos verificar o que deve ser feito com essa área de expansão", disse a governadora. Rosalba foi uma das palestrantes do periodo da manhã, na programação da 11ª edição do projeto Motores do Desenvolvimento do Rio Grande do Norte..

O estudo, chamado de "masterplan", terá a participação da Fiern em sua elaboração. O presidente da Fiern, Amaro Sales, já havia falado sobre a confecção do Plano em entrevista à TRIBUNA DO NORTE. Rosalba Ciarlini acredita que, além de disciplinar e prever investimentos para o espaço que circunda o novo aeroporto, é preciso aumentar o gasto com infraestrutura, que poderá potencializar os efeitos do Aeroporto de São Gonçalo do Amarante. Durante a sua palestra, a governadora citou alguns projetos já em andamento e outros ainda por viabilizar.

A primeira obra citada pela governadora foi a do Veículo Leve sobre Trilhos. O Estado pleiteia frente ao Governo Federal uma ampliação do projeto já assegurado, que integra novos trens, mais modernos, à linha férrea Natal-Ceará-Mirim. Segundo a ampliação, esse projeto seria levado também a São Gonçalo do Amarante, servindo ao novo aeroporto.

O VLT serve principalmente à necessidade do tráfego de passageiros. Já para a parte de cargas seria necessário um outro projeto, com integração à Transnordestina, projeto do Governo Federal com integração ferroviária em toda a região Nordeste.

Um outro ponto destacado por Rosalba Ciarlini foi o Mandacaru Digital. Gestado na UFRN, o projeto tenta integrar todo o Rio Grande do Norte com cabos de fibra ótica, levando transmissão de dados em alta velocidade. Para todo o Estado, a implantação custa em torno de R$ 60 milhões. Já para ficar circunscrito à Região Metropolitana de Natal o custo cai para R$ 2 milhões.

Por último, Rosalba discutiu a utilização do atual terminal de passageiros do Aeroporto de São Gonçalo do Amarante. Duas propostas foram apresentadas: adaptação da estrutura para ambientar um Museu da Aviação em Natal; e a doação do prédio para que a Embraer instale um centro de desenvolvimento de aeronaves.

"Seria interessante tentar atrair para o Rio Grande do Norte esse braço da Embraer, que não poderá se instalar na China, conforme me falou a presidenta Dilma Rousseff", defendeu o deputado federal, Henrique Alves.

Antes de finalizar a sua fala, a governadora voltou a defender que o Aeroporto de São Gonçalo tenha o nome do ex-ministro Aluízio Alves. "Por tudo o que fez, é mais do que justo a homenagem a Aluízio Alves, que foi responsável pela modernização do Estado no seu primeiro governo", encerrou.

Bate-papo

Dep. Henrique Eduardo Alves, líder do PMDB na Câmara Federal

Qual a importância de discutir o Aeroporto de São Gonçalo do Amarante?

É fundamental a discussão. A classe política fez a sua parte e agora o Governo do Estado e o empresariado precisa garantir a construção do aeroporto em tempo para a Copa do Mundo de 2014 e também um pólo de desenvolvimento não só regional como nacional e internacional.

É importante conseguir inaugurar em tempo para a Copa?

Sem dúvida. Temos de ter essa certeza, o aeroporto precisa ficar pronto em dezembro de 2013 e com certeza o Consórcio terá todo o interesse em aproveitar o fluxo de pessoas que passarão por aqui durante os jogos. Isso irá gerar emprego, mas esses empregos precisam ficar com potiguares, precisamos aproveitar a oportunidade.

Qual será o impacto do novo aeroporto na economia do Estado?

Será um marco. Esse é hoje o tema mais importante no Rio Grande do Norte. É uma oportunidade única para induzir o crescimento no Estado.


Fonte: Tribuna do Norte

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