quarta-feira, 4 de janeiro de 2012

INSEGURANÇA ATERRORIZA SÃO GONÇALO

 
"Pensei que fosse passar toda a minha vida aqui. Hoje, se vier dormir, amanheço morto". O desabafo é do agropecuarista Miguel Noronha, de 67 anos, que se viu obrigado a deixar a sua propriedade em São Gonçalo do Amarante, Região Metropolitana, após constantes assaltos. Quantas vezes é necessário ser vítima de um roubo para que o fato chame atenção da polícia? Para Miguel Noronha, trinta e seis vezes não foram suficientes. A recorrência dos crimes indigna o agropecuarista e reflete a insegurança constatada na cidade. Hoje, diante da ineficiência da investigação e patrulhamento, o homem já deixou de registrar boletins de ocorrências. A sua "coleção" de 28 BOs parece não surtir efeito.
A propriedade representava o sonho de Miguel em deixar a cidade e viver na tranquilidade do isolamento. Há 43 anos, quando deixou a casa em Natal para morar em São Gonçalo, o agropecuarista viu tornar realidade o objetivo e passou a criar gado e processar frutas. O ano de 2011, no entanto, representou a derrocada dos objetivos e a obrigação de se cercar de paredes altas para se proteger. Após arrastões, assaltos e furtos, mudou-se para um prédio no bairro de Petrópolis, zona Leste de Natal.

Bate-papo com o delegado Adson Maia, titular da Delegacia de São Gonçalo do Amarante

O senhor conhece o caso de Miguel Noronha, que registrou quase trinta boletins de ocorrência sobre casos de assaltos na sua propriedade em São Gonçalo do Amarante?
Esse caso já foi resolvido. Prendemos assaltantes em flagrante após a investigação. Se eles foram soltos depois, isso é um problema com a Justiça, não com o delegado. O nosso papel foi feito. A granja não tem segurança nenhuma e por isso os casos são recorrentes.

A insegurança é uma realidade em São Gonçalo?
São Gonçalo do Amarante é uma cidade muito perigosa e que tem muitos criminosos. Mas as estatísticas mostram que não é tão diferente de locais periféricos ou outras cidades da Grande Natal, como Parnamirim. O problema é que a criminalidade vem aumentando e a nossa estrutura é a mesma há 10 anos. Diria até que diminuiu.

A estrutura diminuiu após o aumento da demanda?
Já chegamos a ter dois delegados aqui, hoje eu estou só. Para atender a nossa demanda, precisamos de uma estrutura dobrada. E isso já está sendo encaminhado. Faço parte do Conselho Superior da Polícia e já planejamos uma segunda delegacia em São Gonçalo.

A criação da delegacia resolveria os problemas de insegurança da cidade?
Não é só a delegacia, mas toda a estrutura envolvida. Tem que ter pessoal para ocupar a delegacia e não dividir o existente. São Gonçalo tem uma extensa área rural que acaba abrigando bandidos de todas as regiões do Estado.

Qual o papel da Polícia Militar na questão da insegurança?

A Polícia Militar tem um efetivo reduzido aqui e isso com certeza interfere na quantidade de crimes registrados. Com a chegado do aeroporto, acredito que a companhia da PM deva se transformar em um batalhão, com reforço de efetivo.

Fonte:Tribuna do Norte

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