Isaac Lira - repórter
A próxima edição do projeto Motores do Desenvolvimento, realizado pela TRIBUNA DO NORTE, Fiern, Fecomércio/RN, Universidade Federal do Rio Grande do Norte, Governo do Estado do RN e RG Salamanca Capital, com patrocínio da Assembléia Legislativa do RN e da BR Distribuidora, terá como tema o Aeroporto de São Gonçalo do Amarante. O seminário será realizado no próximo dia 05 de dezembro, no auditório Albano Franco, na Fiern, às 08h. Entre as presenças confirmadas estão o ministro da Aviação Civil, Wagner Bittencourt, os representantes do Consórcio Inframérica, Antoio Droghetti Neto e Martin Eurnekian, o economista e apresentador do programa Manhattan Connection da GloboNews, Ricardo Amorim, entre outros.
Presença comum nos sonhos de transformação da realidade potiguar desde o início da década de 90, o o Aeroporto Internacional de São Gonçalo do Amarante será retirado definitivamente do papel na próxima segunda-feira, 28, com a assinatura do contrato de concessão com o Consórcio Infra-américa. O evento irá contar com a presença da presidenta da República, Dilma Rousseff. A bancada federal trabalhou para viabilizar a vinda e a presença de Dilma foi confirmada ontem através do site oficial do Palácio do Planalto. A assinatura do contrato promete dar celeridade à construção do Aeroporto esperado há cerca de 20 anos.
Os estudos para a construção do Aeroporto de São Gonçalo foram iniciados em 1993, pelo então Ministério da Aeronáutica. A intenção era separar a aviação civil da militar, que conviviam e ainda convivem no Aeroporto Augusto Severo, em Parnamirim. Ainda na fase de escolha da área para a sua implantação, a ideia de construir um aeroporto para passageiros e cargas na região nordeste, permeava os fundamentos do projeto, devido à proximidade com a Europa e a América do Norte.
O fato de a região do entorno de Natal estar entre as que apresentam melhores condições meteorológicas no país, foi mais um fato positivo então considerado. Assim, de início, havia alguns aspectos logísticos favoráveis para implantação de um novo hub aeroportuário (espécie de ponto de conexão, onde passageiros e cargas trocam de avião) na Região de Natal: menores distâncias e melhores condições meteorológico-operacionais.
Segundo a opinião de diversos consultores e pesquisadores ouvidos pela reportagem da TRIBUNA DO NORTE, o trabalho para dar ao Aeroporto de São Gonçalo do Amarante o tamanho anunciado está apenas começando. "O Aeroporto é um meio e não um fim. Através dele é possível dar um salto em desenvolvimento, mas ele sozinho não é capaz de provocar uma mudança substancial no Estado", explica a professora da UFRN, Maria do Livramento, que estuda a Região Metropolitana de Natal.
O principal trabalho do poder público e, principalmente, do Consórcio Inframérica, que ganhou em leilão o direito de construir e explorar comercialmente os terminais de passageiros e cargas, é transformar o potencial do aeroporto em realidade. A primeira fase do projeto trata da instalação de um aeroporto de porte médio, tanto no que diz respeito à quantidade de passageiros quanto ao volume de cargas.
Por outro lado, os gestores e políticos do Rio Grande do Norte garantem que a viabilização do novo aeroporto tratá uma nova movimentação econômica para o Estado. Para Benito Gama, secretário estadual de Desenvolvimento Econômico, "o maior impacto será a redistribuição de cargas para o Nordeste a partir do Rio Grande do Norte. Antes, ia para Guarulhos e voltava de caminhão, mas com o novo aeroporto o destino será o RN, de onde será redistribuído para os outros estados".
As estratégias e possibilidades de utilizar o Aeroporto de São Gonçalo do Amarante como um ponto de partida para fomentar o desenvolvimento do Estado em várias frentes, promessa tratada como realidade por vários setores da política e da gestão pública potiguar, irá depender da capacidade de atração de investimentos por parte do consórcio e do Estado.
Bate-papo
Marcelo Perrupato, secretário Nacional de Transportes
Qual a importância de realizar a integração de um aeroporto de cargas, como deve ser o de São Gonçalo, com outros modais de transporte, como rodoviário e ferroviário?
O Plano Nacional de Logística e Transportes é solidamente fundamentado na organização da estrutura logística do sistema de transportes e na organização espacial desse sistema. Não seria diferente em relação ao Aeroporto de São Gonçalo do Amarante, dado que este, devido ao seu porte, tende a se tornar um centro de integração logística. Assim, serão disponibilizados, conforme evoluir a movimentação de passageiros e cargas, todos os modais que forem necessários para atender as necessidades de integração com outros modais.
O diferencial de São Gonçalo é a proximidade com a Europa. Essa vantagem é suficiente? De que forma pode ser potencializada?
A distância não é a única variável determinante do sucesso operacional e comercial de um empreendimento aeroportuário. Custos operacionais, taxas de serviços, contratos com parceiros nacionais e internacionais, contratos com operadores, despachantes, embarcadores, condições de estocagem, manuseio, rede intermodal de apoio, etc., são igualmente importantes e a administração de todos estes fatores é que vai consolidar um empreendimento como o Aeroporto de São Gonçalo do Amarante.
Como o senhor posicionaria o ASGA em termos de logística no país? Qual a importância desse equipamento? Faz parte do Programa Nacional de Logística transformar esse equipamento em porta de entrada de mercadorias vindas da Europa para o Brasil e América Latina?
A pergunta sobre "ser porta de entrada de mercadorias vindas da Europa" não tem uma resposta objetiva. A seleção de um terminal aéreo não depende apenas da proximidade entre regiões de um país ou do mundo, mas, fundamentalmente de destinação das mercadorias. Como princípio geral, cargas aéreas são de alto valor agregado e, como tal, proprietários e embarcadores das mesmas tendem a valorizar mais aspectos como: as características do modal para efetuar o transporte, a necessidade ou não de manuseio ou de transbordo e o tempo de traslado. Se uma carga aérea pode ser transportada direto da Europa para Recife, Fortaleza ou Curitiba é provável que assim seja feito.
Consequentemente, respondendo parte da pergunta acima, "o PNLT não tem, sozinho, o poder de transformar um aeroporto em porta de entrada de mercadorias", embora apoie a sua implantação. Nem mesmo a Infraero, que administra a rede aeroportuária nacional tem este poder.
Fonte: Tribuna do Norte
sexta-feira, 25 de novembro de 2011
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