RIO - Antes de entrarem no estúdio do matinal "Encontro com Fátima Bernardes", os 60 convidados da plateia passarão por uma cabine espelhada. Lá, responderão às perguntas formuladas pela jornalista, que "trocou de lado" a pedido da Revista da TV. Além de posar dentro da cabine para a capa desta edição, Fátima, tão acostumada a formular questões por conta de sua profissão, foi sabatinada por profissionais da equipe de sua nova atração, como o humorista Marcos Veras e a figurinista Cláudia Kopke, e por colegas jornalistas, como Sandra Annenberg, do "Jornal Hoje", Pedro Bial — que estará à frente do também novo "Na moral" a partir do dia 5 — e Patrícia Poeta, que a substituiu na bancada do "Jornal Nacional", no fim de 2011. Depois de quase 14 anos como âncora do telejornal mais visto da emissora, a apresentadora entra no ar amanhã, ao vivo, às 10h40m, com um programa que mistura jornalismo e entretenimento. Ela promete uma postura mais descontraída durante as conversas que irá mediar. Uma mudança e tanto para quem completou, em fevereiro, 25 anos de TV Globo e, em setembro, fará 50 anos de idade.
SANDRA ANNENBERG (apresentadora do "Jornal Hoje"): Você acaba de trocar a noite pelo dia. Como isso mexeu com a sua vida pessoal?
FÁTIMA BERNARDES: O início do meu dia está igual. Acordo sempre às 6h10m para despachar meus filhos para a escola. E vou chegar ao trabalho às 7h30m. Mas, no final do dia, terei mais tempo para os meus adolescentes (os trigêmeos da atriz estão com 14 anos). Poderemos sentar para jantar e assistir à "Avenida Brasil". A família está viciada. Ganhei um bônus. Eu tinha um sonho profissional e que me deu mais um espaço familiar com os filhos.
SANDRA: O frio na barriga nunca termina. De zero a dez, como classificaria sua ansiedade agora? Está tirando seu sono e seu apetite?
FÁTIMA: Poderia tirar o apetite! Mas não tirou. Hoje, estou no limite: no dez de ansiedade, mas no 15 de felicidade. Já estive muito mais ansiosa do que feliz porque o processo de criação é angustiante.
ZECA CAMARGO (apresentador do "Fantástico"): Um dos primeiros "Fantásticos" que apresentei foi ao seu lado. E me lembro até hoje da segurança que você me passou. De onde ou de quem você vai tirar a força para segurar essa estreia de agora?
FÁTIMA: Acho que a força vem da confiança que eu tenho no trabalho que está sendo feito, da minha dedicação e de toda equipe. E dos muitos amigos antigos, como você, e dos novos que fiz aqui na casa nova e que torcem para que tudo dê certo.
RENATA CERIBELLI (apresentadora do "Fantástico"): O fato de a atração levar o seu nome sugere um tom de maior intimidade com o telespectador. Teremos uma Fátima bem mais informal do que aquela do "Jornal Nacional"?
FÁTIMA: Uma conversa no horário da manhã permite um tom mais informal com o público, que estará perto de mim. É para isso que estamos trabalhando. Para dar um tom de intimidade. Espero que as pessoas fiquem curiosas.
RENATA: As manhãs têm um público feminino forte. Como você tem sentido a expectativa das mulheres com seu novo programa?
FÁTIMA: Na verdade, a gente tem uma visão de que o público da manhã não é apenas feminino e não dá para fazer um programa com esse foco. O que eu tive de informação é que temos uma média de 57% de mulheres para 43% de homens. Os assuntos serão pensados para interessar a qualquer pessoa nos dias de hoje.
PATRÍCIA POETA (apresentadora do "Jornal Nacional"): Como será a relação com o auditório?
FÁTIMA: Esse público no estúdio era um motivador e estava no projeto embrionário da atração. Era o meu sonho de consumo. Queria falar ao vivo, misturando jornalismo e entretenimento, para uma plateia pequena, que pudesse participar dessa discussão do dia. Prometo ficar o mais próxima possível dessas pessoas e ser uma boa ouvinte.
PEDRO BIAL (apresentador do "Na moral"): Os telespectadores vão conhecer melhor a Fátima?
FÁTIMA: Acho que sim. Numa conversa, diferentemente de um telejornal, terei como me expor mais. Às vezes, até pela forma como você conduz esse papo já está se posicionando. O que eu quis ao fazer o projeto era trazer um pouco da rua para dentro do programa (com o auditório). Ter aqueles convidados ali me dá um conforto. É a chance de ter contato com as pessoas.
MARIA BELTRÃO (apresentadora do "Estúdio i"): Vamos conhecer seu lado Oprah Winfrey também?
FÁTIMA: Engraçado que sempre citam a Oprah. Eu me sinto lisonjeada com a comparação, mas não é uma preocupação. Acho que agora vai surgir um pouco mais da Fátima repórter, da Fátima que estava nas ruas, em grandes eventos. Ao sair da bancada, você já surge com uma postura diferente.
MARIA: Você acha que os seus filhos vão preferir o seu programa ao "Jornal Nacional"?
FÁTIMA: Só se eles puserem para gravar porque estarão na escola. Mas acho que eles vão gostar dos dois. A minha atração não é setorizada por idade.
CHICO PINHEIRO (apresentador do "Bom dia Brasil"): O que considera realmente relevante em seu programa diário?
FÁTIMA: O meu grande desafio é conseguir ouvir $histórias que possam gerar conversas interessantes. O Chico gosta muito disso também.
SONIA BRIDI (jornalista): O que você precisou aprender para esse novo trabalho?
FÁTIMA: Estou aprendendo de que forma posso pensar com essa cabeça de 25 anos de jornalismo, mas por novos ângulos. Que recurso eu tenho para viabilizar uma pauta diferentemente de um telejornal. E tem muita novidade legal. Outro dia, eu estava num workshop sobre captação de imagens.
SÔNIA: A atração vai brigar pelo furo ou vai ajudar a entender a notícia do dia?
FÁTIMA: Nunca vou ser contra um furo. Obviamente, se acontecer alguma coisa no horário do programa, vou ficar felicíssima. Mas, muito mais do que entender, nossa ideia é discutir. A pretensão não é muito ensinar, mas ajudar a conversar.
MARCOS VERAS (humorista da equipe de Fátima): O Vascão leva o título no Brasileirão deste ano?
FÁTIMA: Estou muito confiante. Acho que a gente está indo muito bem.
CLÁUDIA KOPKE (figurinista da atração): O que é mais fácil de usar: a formalidade do jornalismo ou a descontração do figurino de um programa de entretenimento?
FÁTIMA: O mais fácil de usar é aquilo que combina com você. Quando acredita que a roupa poderia ser sua realmente, vai bem. O que evito é algo que não entraria no meu armário.
CLÁUDIA: Você é disciplinada e muito organizada. Dá trabalho ser assim ou vai no automático e só traz vantagens?
FÁTIMA: Vai no automático, não traz só vantagens porque, às vezes, você se cobra uma disciplina exagerada e daria para ser mais flexível. Mas eu sou assim. Sou filha de militar, a minha vida inteira cumpri horários, comecei a trabalhar com 16 anos, sempre tive chefe e fiz muita coisa. Se não fosse disciplinada, não dava. Acho que fui treinada.
MELISSA PALADINO (caracterizadora da atração): Faria uma matéria sobre balé em que mostraria sua graciosidade dançando?
FÁTIMA: Atualmente? A graciosidade não estaria tão presente (risos). Sei lá... Talvez, de brincadeira. Uma vez, dancei com o Jayme Arôxa e o Carlinhos de Jesus para uma matéria do "Fantástico".
CRIS DE LAMARE (cenógrafa do programa): Qual a sua relação com a fama?
FÁTIMA: Estou sempre tão focada no trabalho, que a fama fica só ali naqueles 30 minutos em que eu estava no ar. Agora, serão 70 minutos diários. Mas, no dia a dia, a fama não me impede nada. Nunca deixei de fazer nada por aparecer na TV.
Fonte: O globo